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Qual é o cenário atual da Pac-12?

Quando a bola voar para a temporada de 2024 do College Football, além das várias mudanças que serão presenciadas, teremos uma que ecoará pela sua ausência: depois de mais de um século, não veremos times jogando com emblemas ou patches referentes à Pac-12. 10 dos seus 12 integrantes deixaram a conferência na metade deste ano em direção à Big Ten, Big 12 e ACC. Com isso, ficou um limbo de questionamentos: a Pac-12 acabou mesmo? O que acontece a partir de agora?

Como essa pergunta será constantemente feita no decorrer da temporada, esse post é basicamente um FAQ sobre a situação da conferência no momento. É possível que isso fique desatualizado rapidamente, mas esta é a situação dias antes da temporada de 2024 começar.

1. Como chegamos até aqui?

Com problemas administrativos e de gestão, a Pac-12 se viu em um péssimo posicionamento quando o realinhamento de conferências começou. O seu futuro dependia do novo contrato de TV, já que o antigo acabava na metade de 2024 (este havia sido, inclusive, o contrato de TV mais lucrativo do College Football na época em que havia sido firmado em 2010).

O primeiro movimento veio de USC e UCLA, que decidiram na offseason de 2022, em uma movimentação pouco esperada, se juntar à Big Ten a partir de 2024.

Isso desvalorizou o valor de mercado da conferência, e nas negociações para renovação de contrato, os dirigentes da Pac-12 propuseram um valor em torno de 50 milhões de dólares anuais por equipe com a ESPN e a Fox. As duas emissoras recusaram o valor pedido e as negociações estagnaram por mais de um ano. Enquanto isso, a Big 12 se adiantou e fechou um contrato de TV na faixa de 31 milhões de dólares por equipe + um valor equivalente para novas equipes ingressantes, o que dava incentivos para a expansão da conferência.

Em julho de 2023, Colorado decidiu não esperar as negociações do novo contrato de TV e anunciou a saída para a Big 12. Em 4 de agosto de 2023, viria o dia mais sombrio. No dia em que o comissário George Kliavkoff lançaria a sua última cartada para salvar a conferência, Oregon e Washington anunciaram suas idas à Big Ten. Isso desmantelou de vez a conferência e precipitou as idas de Arizona, Arizona State e Utah no mesmo dia para a Big 12. Foi o dia que marcou a implosão da conferência.

Um mês depois, já sem perspectivas de sobrevivência da conferência, California e Stanford fecharam acordos para jogar na ACC a partir de 2024. Sendo assim, restaram apenas Oregon State e Washington State na centenária conferência.

2. A Pac-12 acabou, portanto?

Não, pelo menos não no sentido formal. Formalmente a Pac-12 ainda existe e não deu entrada a nenhum procedimento para declarar seu fim oficial. Na prática, ela não funciona pelas razões que serão explicitadas na próxima pergunta.

3. Qual é a situação atual da conferência?

Conferências de primeira divisão precisam ter, no mínimo, oito integrantes. A partir do momento que ela fica com um número menor que esse, ela entra no que é considerado um período de “graça” pela NCAA. Ela continua sendo considerada como uma conferência de primeira divisão, mas com direitos limitados. No futebol americano, por exemplo, não pode competir como uma conferência própria, com seus times sendo considerados independentes para fins de ranqueamento.

Também possui menos poderes que conferências no seu sentido pleno, o que inclui direito a voto em decisões referentes ao College Football Playoff e a deliberações sobre o esporte universitário. A conferência possui dois anos para voltar a ter pelo menos 8 integrantes. Caso passe esse prazo, ela deixa de ser chancelada como uma conferência de primeira divisão.

Para 2024, Oregon State e Washington State disputam a temporada do College Football como times independentes. No futebol americano, elas fecharam um acordo com a Mountain West e cada uma delas jogará seis partidas contra times da conferência. Porém, essas partidas não contam como duelos dentro da Mountain West e nenhuma delas pode brigar pelo título desta conferência. Para o College Football Playoff, Oregon State e Washington State só podem disputar vaga como equipes independentes, não podendo se aproveitar do fato de ainda serem uma conferência no sentido formal. O campeão da conferência (que vai ser basicamente definido no confronto direto entre as equipes na semana 12) não tem direito a disputar vaga no playoff como campeão dela, só como independente.

Nas rivalidades, ambas foram preservadas. Washington State conseguiu rapidamente fazer um acordo para manter a Apple Cup com Washington como jogo fora da conferência. A Civil War entre Oregon State e Oregon demorou um pouco mais para ser selada, mas também ocorreu.

No sentido financeiro, Oregon State e Washington State ganharam na justiça americana o direito de controle sobre a conferência, o que foi decisivo para impedir que as demais 10 faculdades fizessem uma reunião para dissolver a conferência e repartir o seu espólio igualmente entre as 12. Além disso, elas asseguraram o controle da maior parte dos recursos financeiros oriundos da própria saída das demais universidades, o que deu um fôlego financeiro pra ambas que permaneceram, já que foram as mais prejudicadas pelo desmantelamento da conferência. 2024 será um ano importante para medir em qual patamar estão as duas maiores derrotadas no realinhamento das conferências.

No entanto, com a nítida queda de patamar, as atividades da Pac-12 Network, o canal oficial da conferência, foram encerradas. A última transmissão ao vivo foi realizada no dia 24 de maio de 2024. Fora da TV a cabo por erros estratégicos de decisão do comissário Larry Scott e de dirigentes universitários, estima-se que o custo anual de operação do canal era superior a 10 milhões de dólares.

4. Qual é o futuro da Pac-12? Ela vai conseguir se reerguer?

O futuro é pouco promissor. Na melhor das hipóteses, ela continua existindo, mas com uma queda muito nítida no patamar. Se serve como consolo e possibilidade para a nova comissária Teresa Gould, os contratos de direitos de transmissão da Mountain West encerram em 2025, justamente quando termina o período em que a Pac-12 pode continuar existindo com menos de oito integrantes. Nesse caso, a fusão da Pac-12 com a Mountain West é uma possibilidade realista a partir de 2026, já que o nome daria mais força à marca dessa nova conferência e daria a ela a possibilidade de ser a conferência mais forte fora do Power 4.

Porém, nada é tão simples. Oregon State e Washington State ainda guardam, na sua lista de prioridades, a possibilidade de ainda serem convidadas para integrarem uma conferência do Power 4 (possivelmente a Big 12), já que o realinhamento das conferências para o período ainda não se encontra completo. A ACC vive um cenário de guerra jurídica com alguns dos seus integrantes – mais notadamente Florida State e Clemson, que estudam brechas jurídicas para deixarem a conferência e seu contrato de direitos de imagem, que vai até 2036. Desse cenário, podem pintar até possibilidades drásticas com vários programas deixando a ACC.

Enquanto essa possibilidade estiver aberta, é provável que Beavers e Cougars não descartem essa possibilidade. Caso ambas saiam, aí sim pode-se declarar definitivo o fim da Pac-12 por ausência de integrantes.

Outra possibilidade, mas muito mais remota e que dependeria do médio e longo prazo, seria um eventual fracasso das conferências nacionalizadas. Embora recebam mais grana, as faculdades da costa oeste terão que lidar com um pesadelo logístico de viagens de milhares de quilômetros para duelos internos. No futebol americano o problema até é menor, mas é potencializado em esportes com mais jogos, como o basquete, e em esportes individuais e com menos prestígio. Nesse caso, um eventual fracasso poderia levar ao ressurgimento da Pac-12 pelo menos em outros esportes e, caso o problema seja mais drástico, no ressurgimento total de uma conferência de alto nível na costa oeste.

Porém, isso é papo que ainda vai durar um bom período. Não espere resoluções rápidas desse assunto.

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Sobre o autor
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Felipe Michalski
Jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Fundador do College Football Brasil em 2014 e desde 2021 membro do CollegeCast - podcast sobre futebol americano universitário.

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