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Saiba quais são todas as mudanças no College Football para 2024

2024 será uma temporada especial no futebol americano universitário. Além de já ser a primeira vez em 10 anos que a modalidade conta com um jogo próprio (o EA Sports College Football 25), o College Football irá presenciar outras mudanças relevantes na sua formatação.

Para facilitar a compreensão, resumimos essas mudanças nos tópicos abaixo.

1. Novo formato de playoff

Certamente uma das mudanças mais impactantes em toda a história do College Football, em 2024 teremos o primeiro playoff com 12 equipes classificadas. Esse modelo substitui o anterior, que durou de 2014 a 2023 e previa apenas um playoff de 4 times com os 4 melhores ranqueados.

O modelo de playoff de 2024 com 12 times funcionará da seguinte maneira: os cinco campeões de conferência melhor ranqueados irão se classificar de maneira automática para os mata-matas, onde os quatro melhores irão automaticamente para as quartas de final. As outras sete vagas serão definidas via ranking do comitê de seleção do College Football Playoff entre os melhores não-campeões.

Enquanto os times de #1 a #4 vão automaticamente para as quartas de final, os times de #5 a #12 se enfrentam na casa do time melhor ranqueado para definir os outros quatro classificados. A partir das quartas de final, os jogos serão em campo neutro nos Bowls de Ano Novo. Para 2024, os Bowls sede das quartas serão: Fiesta, Peach, Rose e Sugar Bowl. Já as semifinais serão no Orange e no Cotton Bowl. A final será no dia 20 de janeiro.

A tendência é que os campeões das conferências do agora chamado Power 4 (não temos mais a Pac-12 como conferência de alto nível, o que será abordado no próximo tópico) abocanhem as quatro vagas diretas para as quartas de final, com SEC e Big Ten provavelmente nas duas primeiras posições. Já o campeão da melhor conferência do Group of Five tende a ficar com a posição #12 na última vaga, já que é provável que seus times não fiquem tão bem ranqueados pelo comitê. Nas vagas at-large (vagas que podem ser destinadas a qualquer time sem uma vinculação específica), a tendência é que SEC e Big Ten dominem as 7 vagas restantes, eventualmente sobrando alguma vaga para algum time da Big 12 ou da ACC.

Nessa discussão, algumas definições de posições serão bastante sensíveis para um comitê bastante criticado: a vaga #5 (que tende a enfrentar o melhor campeão do Group of Five na #12), as vagas #8 e #9 (que definem quem jogará em casa na primeira rodada) e as vagas #11 e #12 (que define o último classificado at-large pelo comitê).

Com o aumento de vagas e o aumento de dificuldade na tabela dos times, a tendência é que os times possuam uma margem de erro maior. É quase certeza que teremos times com 2 derrotas se classificando – o que já ocorreria em outros anos, por exemplo -, mas poderemos ter times com 3 ou até 4 derrotas chegando ao playoff. E aí a discussão paira sobre o possível viés pró-SEC e Big Ten, cujos times terão tabelas mais difíceis. Na dúvida, é possível que um time da Big 12 com uma derrota fique atrás de um da SEC com duas ou três.

Pro Group of Five, a concessão de uma vaga automática é uma vitória muito tardia. Ela ocorre após vários anos sem uma chance realista de título, e quando isso ocorre, quase todos os seus principais times já foram embora para o Power 4. Além disso, houve um aumento no abismo financeiro entre as principais conferências e o Group of Five, de forma que a chance de uma cinderela acontecer agora é possível, mas pouquíssimo provável.

Cabe ressaltar: times independentes não podem disputar o top 4, já que não podem ser campeões de conferência. Uma eventual campanha 12-0 de Notre Dame colocaria o time, no máximo, em #5, o que não garante vaga direta para as quartas de final. Isso foi parte do acordo fechado entre as conferências na montagem do novo playoff, onde Notre Dame, sozinha, possui uma cadeira para votar sobre o assunto (normalmente só há uma cadeira por conferência). Se por um lado o time é prejudicado nesse aspecto, por outro não precisa encarar uma final de conferência na semana 14, o que já a concede uma semana de folga.

A proposta original do novo modelo de playoff era de 6 vagas automáticas para os 6 melhores campeões, mas o prático fim da Pac-12 fez com que se adotasse o modelo 5+7.

2. Realinhamento das conferências

Em 2024, teremos a concretização efetiva do movimento que iniciou todo o realinhamento de conferências atual: Oklahoma e Texas deixaram definitivamente a Big 12 rumo à SEC. Isso fortaleceu em definitivo a SEC no aspecto esportivo, financeiro e técnico. Com isso, a conferência agora conta com 16 times e muitas potências esportivas dentro do seu guarda-chuva.

Porém, o realinhamento mais impactante foi o que veio na sequência. Por uma série de motivos e em momentos diferentes (mas que se concretizam somente em 2024), a Pac-12 perdeu 10 dos seus 12 integrantes. Foram eles:

Arizona —> Big 12
Arizona State —> Big 12
California —> ACC
Colorado —> Big 12
Oregon —> Big Ten
Stanford —> ACC
UCLA —> Big Ten
USC —> Big Ten
Utah —> Big 12
Washington —> Big Ten

Com isso, a Big Ten, que já tinha 14 integrantes, subiu para 18, sendo a conferência com o maior número de integrantes do College Football e rivalizando também em termos qualitativos com a SEC.

A Big 12, que já havia adicionado 4 faculdades em 2023 (BYU, Cincinnati, Houston e UCF) e considerando as saídas de Oklahoma e Texas, subiu de 14 para 16 integrantes. Na prática, ficou no meio do caminho. As oito adições certamente a salvaram do seu fim, mas não se comparam ao peso das duas faculdades perdidas.

Já a ACC subiu de 14 para 17 integrantes. Para além das adições de California e Stanford, SMU trocou a American pela ACC – basicamente aceitando ficar vários anos sem receber um centavo dos direitos de transmissão. As adições, porém, não foram simples: as três faculdades foram aceitas com o mínimo de votos necessários (12 de 15 integrantes – Notre Dame faz parte da conferência em outros esportes), com votos contrários de Florida State, Clemson e North Carolina.

A American, que já havia perdido Cincinnati, Houston e UCF em 2023 (e já havia reposto as saídas com os ingressos de Charlotte, Florida Atlantic, North Texas, Rice, UAB e UTSA), repôs a saída de SMU com o ingresso de Army, que era independente. Com isso, se junta à Navy como a segunda academia militar integrante da conferência. Com isso, a AAC agora tem 14 integrantes.

Mais abaixo, a Conference USA adicionou mais um time da FCS: Kennesaw State, faculdade da Geórgia, que será a 134ª integrante da 1ª divisão. O time não pode competir pelo título da conferência e nem jogar Bowl neste ano. A MAC irá adicionar UMass em 2025 e a Mountain West foi a única conferência sem movimentações – nem ganhou e nem perdeu integrantes. A Sun Belt já havia se movimentado antes com a adição de três programas vindos da Conference USA.

Já a Pac-12 é um caso à parte. Com apenas dois times remanescentes, Oregon State e Washington State, a conferência não existe na prática enquanto não voltar a ter pelo menos 8 integrantes. Ou seja: caso queiram chegar ao College Football Playoff, terão que disputar vaga como times independentes, mesmo que o vencedor do confronto direto entre as equipes na semana 12 decida o “campeão” da Pac-12. A situação específica da Pac-12 e os seus próximos passos foram explicadas neste texto aqui, recomendo a leitura.

3. O fim das divisões

Como consequência do “inchaço” das conferências e para permitir uma maior flexibilidade de calendário, 8 das 9 conferências da 1ª divisão acabaram em definitivo com o formato de divisões nas suas conferências. Com isso, basta o time estar entre as duas melhores campanhas da conferência na temporada regular que estará na final. A única que ainda mantém o formato divisional é a Sun Belt, que seguirá mandando os vencedores das suas divisões para a final.

Como consequência, as possibilidades de confrontos diferentes nas finais aumentam, já que a forma divisional restringia as vagas aos campeões de cada divisão, independentemente da qualidade total dos times. Isso fez com que, por exemplo, times como Purdue, que havia feito apenas uma campanha 8-4 em 2022, chegasse à final da Big Ten contra Michigan por vencer uma divisão oeste bastante enfraquecida. Não à toa, os times da divisão leste venceram todas as finais da Big Ten contra as equipes do lado oeste desde 2014.

Isso encerra um ciclo que iniciou em 1992, quando a SEC adicionou Arkansas e South Carolina e chegou a 12 times. Pelas regras da NCAA à época, conferências com 12 integrantes poderiam ser separadas em divisões e ter uma final própria, enquanto conferências com número inferior não poderiam ter divisões nem fazer uma final. Com o realinhamento da década passada, a Big 12 ficou reduzida a 10 times e se tornou a única conferência do Power Five a não poder ter uma final de conferência. Isso a prejudicou em algumas temporadas, como em 2014, o que obrigou a NCAA a intervir: ela permitiu que conferências com menos de 12 times também pudessem ter finais e facultou o formato: elas poderiam ter divisões ou não.

Pouco a pouco, as demais conferências passaram a adotar a ideia de acabar com as divisões. Entre as primeiras, estiveram a ACC, a Pac-12 (até 2023), a Mountain West e a American (AAC). Para 2024, Big Ten, MAC e SEC, conferências tradicionalmente conhecidas por seus modelos divisionais, também alteraram seus formatos. Com isso, a Big Ten poderá ter uma final entre Ohio State e Michigan, o que antes não era possível pelos times jogarem na mesma divisão. Ou um Alabama vs. Auburn, Georgia vs. Tennessee e tantos outros.

Em caso de empate, há uma série de critérios, onde cada conferência adota o seu. Por padrão, os primeiros critérios são 1) confronto direto, se for entre duas equipes; 2) campanha contra os times que estiverem empatados, se forem 3 ou mais equipes; 3) campanha contra adversários em comum.

4. Mudanças de regras

Acompanhando mudanças drásticas que ocorrem no cenário esportivo universitário, como a possibilidade de pagamento de estudantes-atletas via NIL e a livre possibilidade de um atleta se transferir para outra faculdade quando quiser (essa mudança foi adotada em definitvo em 2024 após decisão judicial), o campo de jogo também sofreu alterações. Muitas delas aproximam o jogo do que é praticado na NFL, juntando-se em 2023 à mudança de regra que acabou com a parada no relógio após first downs.

Entre algumas das mudanças para 2024, teremos:

  • A introdução do 2-minute warning, assim como já ocorre na NFL. A mudança facilita alguns aspectos para árbitros, atletas e técnicos, já que algumas regras especiais são adotadas nos minutos finais. Por exemplo, agora é apenas neste período que o relógio para em primeiras descidas até o reposicionamento da bola. Também é a partir deste período que passa a contar o 10-second runoff, quando o ataque perde 10 segundos caso ocorra uma falta ou lesão sofrida do lado ofensivo e o time de ataque não utilize um pedido de tempo para neutralizar o relógio;
  • A permissão do contato por capacete entre técnico e jogadores. Assim como é na NFL, ela será concedida apenas ao líder de cada unidade (defesa ou ataque) e será cortada automaticamente faltando 15 segundos para o snap ou quando o snap for feito – o que ocorrer primeiro.
  • Cada sideline poderá contar com até 18 tablets para uso exclusivo de acompanhamento de replays de jogadas realizadas na partida em questão. No entanto, quem interpelar qualquer árbitro com um desses tablets para solicitar a revisão de uma jogada sofrerá uma punição de 15 jardas por conduta anti-desportiva.
  • Faltas de horse-collar tackle dentro da tackle box agora também serão punidas com 15 jardas, assim como já são fora deste espaço.

Foto: USC Trojans/Divulgação

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Sobre o autor
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Felipe Michalski
Jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Fundador do College Football Brasil em 2014 e desde 2021 membro do CollegeCast - podcast sobre futebol americano universitário.

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