Com o fim da semana 14 e o encerramento da temporada regular para a grande maioria das equipes, chegamos na semana que define os campeões das nove conferências da 1ª divisão e os últimos classificados ao College Football Playoff. O Selection Sunday no dia 8 de dezembro definirá oficialmente os 12 classificados, mas já é possível garantir que pelo menos oito equipes estão confirmadas. Como sempre, nosso objetivo é trazer contexto e informação para quem acompanha o futebol americano universitário na língua portuguesa.
Lembrando que também já fizemos análise de cenários pós-semana 12 e pós-semana 13.
Relembrando: como será o playoff em 2024
São 12 times que disputam os playoffs do College Football a partir deste ano. Dessas 12 vagas, 5 irão para os cinco campeões de conferência melhor posicionados no ranking do comitê, independentemente da conferência. As outras 7 vagas serão distribuídas para os sete melhores ranqueados que não forem campeões. Os quatro campeões de conferência de melhor posição no ranking (times de 1 a 4) ganham folga automática na primeira rodada e vão direto para as quartas de final. Já o quinto melhor campeão e os sete melhores não-campeões (times de 5 a 12) disputam a primeira rodada do playoff na casa do time melhor ranqueado.
No caso de equipes independentes, como Notre Dame, elas necessariamente precisam jogar a primeira rodada, com a melhor posição possível sendo um 5º lugar no ranking final. Isso serve para compensar o fato de que elas não possuem uma final de conferência para disputar na semana 15.
Se a temporada regular terminasse hoje, sem as finais de conferência, teríamos o seguinte chaveamento:
Folgas na 1ª rodada como campeões de conferência: #1 Oregon (melhor campanha da Big Ten), #2 Texas (melhor campanha da SEC), #3 SMU (melhor campanha da ACC) e #4 Boise State (melhor campanha da Mountain West)
1ª rodada dos playoffs:
#5 Penn State (melhor campanha entre não-campeões) x #12 Arizona State (melhor campanha da Big 12)
#6 Notre Dame (2ª melhor campanha entre não-campeões) x #11 Alabama (7ª melhor campanha entre não-campeões)
#7 Georgia (3ª melhor campanha entre não-campeões) x #10 Indiana (6ª melhor campanha entre não-campeões)
#8 Ohio State (4ª melhor campanha entre não-campeões) x #9 Tennessee (5ª melhor campanha entre não-campeões)
A derrota de Miami para Syracuse abriu espaço para Clemson, o melhor ranqueado fora da zona de classificação. Os Tigers, porém, perderam o clássico para South Carolina e também caíram posições. Isso abriu espaço para Alabama emergir em #11 e se tornar o último time dentro da zona de classificação pelas vagas at-large. A vaga da Crimson Tide, porém, ainda não está 100% garantida. A derrota de Miami classificou Clemson pra final da ACC e deu sobrevida aos Tigers, que se classificam ao playoff se vencerem a final da conferência. Nesse caso, fica à cargo do comitê decidir se uma SMU vice-campeã de ACC merece ficar atrás de uma Alabama 9-3 e fora da final da SEC, mas esse debate vai ser melhor destrinchado abaixo.
Dos times classificados, as três únicas equipes que não devem mudar de lugar no ranking final são Ohio State, Tennessee e Indiana (mais provavelmente as duas primeiras). Isso praticamente já confirmaria um dos confrontos da 1ª rodada dos playoffs: Ohio State x Tennessee no Ohio Stadium, com o vencedor enfrentando o seed 1 geral nas quartas de final.
Finais de conferência
Sexta, 6 de dezembro
21h: Jacksonville State x Western Kentucky (Conference USA)
22h: #10 Boise State x #20 UNLV (Mountain West)
22h: #24 Army x Tulane (American)
Sábado, 7 de dezembro
14h: #15 Arizona State x #16 Iowa State (Big 12)
14h: Miami (OH) x Ohio (MAC)
18h: #2 Texas x #5 Georgia (SEC)
21h30: Louisiana x Marshall (Sun Belt)
22h: #1 Oregon x#3 Penn State (Big Ten)
22h: #8 SMU x #17 Clemson (ACC) – transmissão na ESPN3
Quem está no playoff, quem está fora e quem ainda está na briga?
Pra projetarmos esse cenário, vamos levar em consideração alguns pontos. O principal é de que o comitê afirmou que não vai mexer nas posições dos times que não jogarão neste sábado. Portanto, é possível presumir que times que não jogarão finais de conferência, mas que estão na zona de classificação, já estão no playoff. Por outro lado, times que estão fora da zona de classificação e não jogam finais já estão eliminados da disputa.
O segundo aspecto, esse o mais debatido, é se o comitê iria derrubar posições de times que perderem as suas finais de conferência – sendo, portanto, vice-campeões e não herdeiros de vagas automáticas. Aí é que entra o problema. Em outubro, integrantes do comitê falaram que não iriam punir times que perdessem as suas finais – afinal, um vice-campeão de conferência é, no mínimo, o 2º melhor time dela, diferentemente de um time que ficou em 3º ou 4º lugar e não teve uma final para perder. Uma lógica que deveria ser ainda mais válida a partir deste ano, com 8 das 9 conferências da 1ª divisão abolindo divisões e classificando os 2 primeiros colocados para a final.
No entanto, as declarações no ranking de terça-feira do comitê deixaram o cenário nebuloso. O mesmo integrante que falou em outubro sobre não punir vice-campeões afirmou nesta terça (3) que existe a possibilidade de SMU ficar atrás de Alabama no ranking final do comitê caso perca a final da ACC para Clemson. Isso exigiria derrubar os Mustangs em três posições e levantou o debate sobre um possível viés pró-SEC, já que a única possibilidade realista de Alabama não ir ao playoff é caso Clemson seja campeã da ACC.
Na prática, SMU é a única que corre risco de não ir ao playoff caso perca a sua decisão. As finais de Big Ten e SEC devem classificar tanto o campeão quanto o vice, Clemson só se classifica se vencer a ACC e as finais de Big 12 e Mountain West são praticamente jogos de play-in, com o campeão se classificando e o vice-campeão sendo eliminado. A final da American tem chances remotíssimas de mandar seu campeão ao playoff e não será considerada.
Na visão deste escritor, ainda existem três vagas em aberto no playoff: a do campeão da Big 12 (Arizona State ou Iowa State), a do campeão da Mountain West (Boise State ou UNLV) e uma vaga at-large (no momento, assegurada por Alabama). Se Clemson vencer a ACC, ela rouba uma vaga automática e SMU entra na discussão pela vaga at-large restante contra Alabama.
Aliás, é preciso explicar uma coisa: quando nos referimos a certas discussões por vagas, nem sempre as equipes estão disputando a mesma vaga no playoff. Por exemplo: Boise State disputa a vaga no playoff como campeão da Mountain West e não possui nenhuma relação com Alabama, que disputa uma vaga entre os melhores não-campeões. O mesmo vale pro campeão da Big 12, que não disputa uma vaga direta de playoff contra UNLV, e assim por diante.
Pois bem, vamos tentar simplificar o cenário por equipe:
#1 Oregon (12-0): 100% garantida no playoff, joga a final da Big Ten pra manter a sua invencibilidade e para garantir o seed 1 geral
#2 Texas (11-1): 100% garantida no playoff, joga a final da SEC em busca do seed 1 ou 2
#3 Penn State (11-1): 100% garantida no playoff, joga a final da Big Ten em busca do seed 1 ou 2
#4 Notre Dame (11-1): 100% garantida no playoff. A depender dos resultados de sábado, ficaria com um seed 5, 6 ou 7
#5 Georgia (10-2): 100% garantida no playoff, joga a final da SEC em busca do seed 1 ou 2
#6 Ohio State (10-2): 100% garantida no playoff. Provavelmente ficará com o seed 8
#7 Tennessee (10-2): 100% garantida no playoff. Provavelmente ficará com o seed 9
#8 SMU (11-1): está garantida no playoff se vencer a ACC (provavelmente garantindo um seed 3). Se perder, entra no debate pela vaga at-large restante contra Alabama
#9 Indiana (11-1): 99,9% garantida no playoff. Provavelmente ficará com o seed 10, a não ser que SMU perca e bagunce tudo
#10 Boise State (11-1): está no playoff se vencer a Mountain West (ficaria com um seed 3 ou 4). Se perder, provavelmente estará fora. Dificilmente o comitê colocaria Boise na discussão por vaga at-large
#11 Alabama (9-3): última equipe na zona de classificação pelas vagas at-large, está garantida no playoff se SMU vencer a ACC e entra com o seed 11. Entra no debate pela vaga at-large restante contra SMU se os Mustangs perderem, podendo ficar de fora
#12 Miami (10-2): 99% fora. A sua chance era ficar ranqueada à frente de Alabama no ranking de terça do comitê. Sem uma final pra jogar, o comitê não vai subir Miami sobre Alabama e nem sobre vice-campeões de conferência
#13 Ole Miss (9-3): está fora do playoff
#14 South Carolina (9-3): está fora do playoff
#15 Arizona State (10-2): está no playoff se vencer a Big 12 (ficaria com um seed 3, 4 ou 12). Se perder, está fora
#16 Iowa State (10-2): está no playoff se vencer a Big 12 (ficaria com um seed 3, 4 ou 12). Se perder, está fora
#17 Clemson (9-3): está no playoff se vencer a ACC (ficaria com um seed 4 ou 12). Se perder, está fora
#18 BYU (10-2): está fora do playoff
#19 Missouri (9-3): está fora do playoff
#20 UNLV (10-2): está no playoff se vencer a Mountain West (ficaria com um seed 12). Se perder, está fora
Nenhum time abaixo de UNLV tem chances.
Outra maneira de resumir:
No playoff: Oregon, Texas, Penn State, Notre Dame, Georgia, Ohio State, Tennessee e Indiana
Na bolha: SMU e Alabama
Jogam por vaga automática: Boise State, UNLV, Arizona State, Iowa State e Clemson
O perigoso precedente que pode se abrir
As palavras dúbias do comitê sobre a garantia de SMU no playoff em caso de derrota na final da ACC geraram questionamentos na mídia especializada americana e do público. Ficaria um time com campanha 11-2, vice-campeão de conferência, atrás no ranking para um time com campanha 9-3 e 4º colocado em outra conferência?
Um possível temor seria as conferências passarem a abrir mão das suas finais, uma vez que a derrota em uma final, diferentemente do prometido pelo comitê em outubro, traria consequências negativas no sentido esportivo. Para além disso, poderia gerar prejuízos econômicos, já que as finais de conferência trazem movimentação financeira significativa.
Tendo a acreditar que SMU não será punida em uma eventual derrota, principalmente se ela for por uma diferença pequena. O problema é a possibilidade disso ter sido ventilado, o que já abre preocupações em si.